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terça-feira, 31 de janeiro de 2012

A DIVERSIDADE DISCURSIVA


Já repararam na beleza das conjunções adversativas?
Para muitos essas conjunções são irritantes e, às vezes insuportáveis. Tendemos a dar preferência a períodos sintáticos simples ou, quando muito, períodos compostos assindéticos ou por coordenações aditivas, alternativas, explicativas ou conclusivas. Basta inserir uma conjunção adversativa para alguém torcer o nariz, respirar fundo e querer cortar a língua do responsável que as pôs em cena.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

QUAL O VALOR DE UMA CASA?

Só entende o valor de uma casa quem já morou em barro pisado na esperança de um piso, simples que fosse, mas digno. Quem todo dia a ver o sol nascer ou a chuva a correr pelos blocos de alvenaria, sabe o desejo de uma massa corrida, a pintura de uma mão só, mas que guardasse a intimidade. A alegria de pagar uma conta de luz só sabe ter quem precisou montar “gato” pra não jantar no escuro. Um teto de laje descente para quem já teve de colocar panelas amassadas ou baldes sem alça a impedir que a água de chuva enlameasse o chão de barro. Só sabe o valor de uma casa  quem sempre temeu perdê-la. A casa – o lugar do presente para lembrar o passado e olhar para o futuro – é o lugar para aquele que mesmo a rodar o mundo sabe para onde voltar. É o lugar do bate-boca, da gritaiada, das brigas fraternais, mas também o lugar do afeto, do apoio, o lugar do pai, da mãe, dos irmãos, da intimidade.

GLOBO, BEIJO GAY E A MORAL HIPÓCRITA DO POLITICAMENTE CORRETO

Sinceramente, pouco me importa o que acontece nas novelas da Globo. Não tenho televisão em casa e, mesmo se tivesse, não daria ibope para novelas tão preconceituosas e machistas. Já observaram como os diretores novelistas apelam para as brigas verbais e físicas entre mulheres disputando o macho alfa? Ou como a pobreza é representada nessas novelas? Sem dizer os diálogos imbecis, os abusos do maniqueísmo sem fundamento e muitas outras porcarias com o único objetivo: nivelar por baixo a cultura da grande população e, com isso, atrair altos investimentos em propagandas dos abutres do capital.

domingo, 15 de janeiro de 2012

POIESIS, AESTHESIS E KATARSIS: A TRINDADE NA ALMA HUMANA E NA TOMADA DE CONSCIÊNCIA.

            Desde a Grécia antiga, a linguagem como produtora de sentido foi objeto de atenção de filósofos, artistas e médicos. Como produtora de sentido a linguagem é entendida como poiesis, cujo ato de criação, identificado como aesthesis produz efeitos de sentido no espírito humano, provocando a katharsis. De origem médica, esse termo significa o ato de purgação e purificação. Com Aristóteles, esse conceito, em sua Poética, terá o sentido de libertação produzida pela tragédia ou pela comédia. Duas coisas importantes a se observar aqui: poiésis, aesthesis e katarsis não são entendidas de modo separado enquanto conceito de procedimento artístico desde os gregos até os teóricos da arte e filósofos modernos, mas intrínsecas entre si. Se fazemos esta distinção, é unicamente para fins didáticos deste texto. Além disso, não pretendemos abordar o uso histórico desses termos para não tornar o texto cansativo.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

TEMPORALIDADE, ESPACIALIDADE E TRAVESTILIDADE.

O tempo, em suas distintas manifestações, determina os modos de relação da sociedade moderna por meio da cronologização e da durabilidade. Como um deus moderno, ele impõe sua lógica linear à razão, aos afetos e aos conflitos para, com isso, acumular o sentido da produção. Como senhor da modernidade, ele define o conceito de masculinidade. Operado no espaço público e como sujeito da produção o ser tempo/masculino reina absoluto nas relações humanas. Analogamente, o espaço, subordinado ao tempo, é o sujeito da reprodução. Como tal, é na junção dominante do tempo sobre o espaço que a vida se reproduz. Sendo o tempo definidor da idéia de masculinidade, também define o espaço como metáfora da feminilidade.