“Há
um arco-íris ligando o que sonha e o que entende – e por essa frágil ponte
circula um mundo maravilhoso e terrível, que os não iniciados apenas de longe
percebem, mas de cuja grandeza se vêem separados por muralhas estranhas, que
tanto afastam como atraem.”
Cecília
Meireles
Permita-me o simbolista francês adaptar
seus versos para compreender esse espetáculo humano, cuja materialidade
estende-se como um grande tapete na Avenida Paulista. Observemos esse belo
pedaço de paisagem que do extremo da luminosidade segue harmoniosamente para o
limite das sombras. Do vermelho vivo revolucionário, transforma-se ao primeiro
contato com a claridade alaranjada nas janelas dos prédios em volta. O amarelo
da luz solar, fugindo pelas brechas do céu nublado, reflete e confunde-se com
o reflexo azul cinzento dos céus e se transforma em uma faixa verdejante,
derramando-se nos trechos arborizados do Trianon. Em sentido descendente, o
azul borrifado de nuvens transforma-se, aos poucos, em espiritualidade lilás.