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sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

O VETO DA DILMA E O SILÊNCIO DOS BONS?

“O que mais preocupa não é o grito dos violentos, nem dos corruptos, nem dos desonestos, nem dos sem ética. O que mais preocupa é o silêncio dos bons”.
Pastor Marthin Luther King




Uma das mais belas frases de Luther King e, por isso, recorrentemente citada por seus admiradores. O desvio de sentido para o qual o autor direciona sua preocupação dá a força do enunciado, isto é, o que o preocupa não é o grito das pessoas más, mas o fato das pessoas boas fazerem silêncio. Mas será que de fato são boas as pessoas que silenciam? Por seu uso corrente, a frase parece ter criado um comportamento conformista no qual o silêncio se torna condição para ser bom. Certamente, não foi essa a intenção do autor, mas as palavras são perversas e criam realidades para além das vontades.  Novos contextos demandam novos sentidos e, portanto, novas frases. Para isso, vale recuperar a frase do Apóstolo Tiago, quando diz: Na verdade, saber fazer o que é certo e não fazer é pecado (Tiago, 4, 17 – Bíblia Mensagem). A omissão é identificada pelo apóstolo como má; sendo o silêncio a principal forma de omissão, não pode ser visto como coisa boa, logo não são bons os que silenciam.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

UMA FLOR NASCEU NA RUA?

Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego.
Uma flor ainda desbotada
ilude a polícia, rompe o asfalto.
Façam completo silêncio, paralisem os negócios,
garanto que uma flor nasceu.
Carlos Drummond de Andrade - A Flor e a Náusea



Vivemos tempos difíceis. Essa frase não é nova. Tornou-se lugar comum a ponto de esvaziar-se de sentido e tornar-se apenas uma sentença fática para quem não sabe mais o que dizer.  O verbo, cujo sentido é visceral para a existência, está conjugado na primeira pessoa do plural, identificando o sujeito coletivo “nós”. Contudo, o adjetivo “difícil”, ao tencionar com o sentido do verbo, aponta para um reconhecimento conformista: sabemos que vivemos, mas a ausência de palavras que possam apontar qualquer sentido que nos provoque esperança confirma esse conformismo inativo da frase.