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domingo, 23 de dezembro de 2012

NOVO COORDENADOR DA CADS: O QUE ESPERAR?






" É fundamental diminuir a distância entre o que se diz e o que se faz, de tal maneira que num dado momento a tua fala seja a tua prática."
Paulo Freire




Para encerrarmos este polêmico ano de 2012, recebemos a notícia do novo coordenador da CADS – Julian Rodrigues. Vários militantes duvidavam dessa possibilidade, contudo, visto sua dedicação na campanha de Fernando Haddad, era previsível que o mesmo assumisse ou colocasse alguém de sua confiança nessa Coordenadoria. Embora seja ilegítima – no sentido de reconhecimento político pelo movimento LGBT paulistano – essa indicação, é legal visto que o papel dele não é de representar, mas de ser executor na administração da Prefeitura no que refere às políticas públicas de cidadania LGBT e de combate à homofobia.
               

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

ELISABETH ROUDINESCO E A DEFESA DO CASAMENTO IGUALITÁRIO
















Intervenção na Comissão de leis sobre o casamento para todos – Assembleia Nacional – França [1]

Assembleia Nacional, [Paris] 15 de novembro de 2012.


Excelentíssimo Sr. presidente da Comissão de leis, Sr. Relator, senhoras e senhores parlamentares, gostaria de agradecer a honra que me outorgaram me convidando para esta sessão sobre um tema ao qual já dediquei muitos estudos enquanto historiadora sobre a família, sexualidade, psicanalise e psiquiatria. Permito-me também falar aqui como “testemunho”, posto que minha mãe, Jenny Aubry, pediatra, médica e psicanalista durante toda a sua vida tratou de crianças em sofrimento: crianças abandonadas, em orfanato, maltratadas, crianças doentes, crianças superdotadas, crianças aguardando adoção e filiação.
Sou favorável a essa lei e como muitos de meus colegas sociólogos, antropólogos e historiadores que os senhores já ouviram – penso em particular como Irene Théry – fiquei surpresa com a violência com a qual, novamente, os homossexuais foram estigmatizados em seu desejo de fundar uma família e, portanto, de beneficiar, através do casamento, de direitos equivalentes aos de pessoas de sexo diferente.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

LUCAS FORTUNA: PRESENTE!



Texto lido na Plenária Final do X ENUDS - Encontro Nacional Universitário de Diversidade Sexual, durante ato de homenagem ao co-fundador do ENUDS Lucas Fortuna.



Encontro Nacional Universitário de ou sobre Diversidade Sexual? Sim, foi esta uma das principais polêmicas entre mim e Lucas Fortuna durante vários ENUDS. Mas não foi este o primeiro contato que tive com ele.  Entre diversos outros militantes LGBT do movimento estudantil, estava Lucas Fortuna compondo conosco os primeiros alicerces do ENUDS no ATO CONUNE em 2003. E voltamos a nos encontrar no 2º ENUDS em Recife, marcando sua participação efetiva no Encontro. Desde então, passou a defender Goiânia como sede. Foram duas tentativas (ENUDS Recife e ENUDS Niterói) que não logrou sucesso, mas nem por isso deixou de legitimar esse espaço e de insistir nesse posicionamento. Em 2006, a plenária final em Vitória/Espírito Santo aprovou Goiânia como sede do 5º Encontro. 2007 foi sua última participação no ENUDS.

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

SOL NUBLADO EM MACAPÁ?


          
           Hoje fui surpreendido com a notícia de que o candidato à prefeitura de Macapá pelo PSOL - Clécio Luis - conseguiu ir para o segundo turno por meio da coligação com partidos bastante questionáveis. Possa parecer estranho, para quem sabe que sou militante do PSOL, somente agora descobrir tal informação. A razão se deve por dois motivos: minha filiação somente aconteceu em março deste ano, como também pelo fato de não pautar minha militância nas eleições municipais, estaduais e federal, posto que o cenário resultante desse processo é sempre desanimador.
            A maior parte da militância do PSOL rompeu com o PT devido ao seu fisiologismo político na disputa eleitoral, às questionáveis alianças com setores da direita que permitiram a eleição de Lula à presidência em 2002 e, principalmente, o vale-tudo na disputa pelo poder. Grosso modo, o que define um partido de esquerda é a sua não ilusão nos mecanismos de poder da sociedade capitalista. Obviamente, não significa ausentar-se do processo eleitoral, mas participar dele para evidenciar as contradições mascaradas de democracia, transmudadas em aparelhismo estéril da máquina capitalista.
           

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

O OBSCURANTISMO RELIGIOSO CRISTÃO E O FISIOLOGISMO POLÍTICO NO BRASIL.




O neopentecostalismo, fundamentado na teologia da prosperidade, tem crescido vergonhosamente no Brasil – isto é evidente. Com promessas de aumentar o galardão nos céus para os fiéis que aumentarem o valor de seus dízimos e ofertas, essas Empresas têm aumentado seu capital financeiro de modo talvez nunca visto na história da economia do ocidente. O que não querem deixar evidente são as tramoias e alianças nos bastidores feitas entre essas instituições e os partidos políticos como PT, PSDB e suas versões genéricas. Para estes, a promessa ocorre em cores mais materialistas: quanto maiores os privilégios fiscais, econômicos e políticos garantidos a essas instituições, maiores as chances de um desses partidos (em breve os dois juntos) se apossar do poder executivo municipal, estadual ou federal.
Silas Malafaia novamente vêm a público fazer declaração de apoio a José Serra para prefeito de São Paulo. Celso Russomano é o braço da Universal. Fernando Haddad e o PT já deram demonstrações de subserviência à bancada evangélica: quem de fato tem alimentado o obscurantismo no Brasil?

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

A VERGONHOSA SAÚDE DE ALCKMIN E DO PSDB





















Gado. Essa foi a sensação que tive ao precisar utilizar o Hospital Geral Jesus Teixeira da Costa em Guaianases. Fui acompanhar meu irmão que precisava passar em um Clínico Geral e recebi a notícia criminosa de que não havia médico de plantão. Com muito custo, conversei com o médico responsável e soube que há anos o hospital não dispõe de um quadro suficiente de médicos plantonistas para atender a população do bairro e da redondeza. Não apenas isso, também soube que o Hospital Público de Tiradentes não conta com o serviço de plantonistas. Os pacientes saem de lá e vem para o Geral e recebem porta na cara.

domingo, 15 de julho de 2012

QUANDO A POBREZA NOS SILENCIA OU A VIOLÊNCIA DA BUROCRACIA



"O silêncio diante da violência promove o cárcere aos inocentes."
 Ricardo Davis Duarte






Há um tempo, tenho lidado com um problema familiar, no qual minha irmã, mãe de quatro crianças, tem apresentado um quadro de total descaso à violência física e psicológica que meus sobrinhos sofrem com seu padrasto. Diante dessa situação, minha mãe procurou o Conselho Tutelar de Guaianases e a informação recebida pela Conselheira era de que só poderiam tomar alguma atitude se fosse feito uma denúncia anônima. Sem saber refutá-la, minha mãe voltou para casa profundamente irritada e com sensação de impotência, uma vez que minha irmã tem a guarda das crianças. Sendo uma mulher bastante religiosa, sua única alternativa foi entregar nas mãos de Deus e esperar Sua providência para essa situação concreta. Semana passada, não podendo mais aguentar a situação de violência, meu sobrinho mais velho resolveu, juntamente com sua irmã, fugir para a casa de sua avó materna, minha mãe. Como eu estava em casa dela, apenas tomei café com meus sobrinhos e descemos para a delegacia registrar boletim de ocorrência, não antes de falar com um amigo e militante do PSOL que trabalha com os direitos das crianças e adolescentes.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

SOCIALISTAS NO RIO DE JANEIRO: Uma Crônica de Machado de Assis



               Hoje recebi uma postagem de um vídeo no youtube chamado Clipe do Reveillon do PCO de 2008 (http://www.youtube.com/watch?v=kJY7nWJCk3c). Para quem não sabe, o PCO é o Partido da Causa Operária, cujos militantes circulam pelos corredores e Assembleias da USP, como também disputam o processo eleitoral. Ao assistir, não acreditei no que vi: ao estilo de formatura ou casamentos, reuniam-se esses militantes em comemoração finíssima com toda a elegância socialista que a imaginação dos organizadores conseguiram produzir e, para não se confundir com uma festa burguesa, condecoraram o palco com a frase: UNIDADE LATINO AMERICANA CONTRA O IMPERIALISMO: Viva a luta do povo boliviano, venezuelano e latino americano. Fiquei estupefato ao ouvir um dos militantes cantando a música do Tim Maia: Vale, vale tudo, vale o que vier, vale o que quiser, só não vale dançar homem com homem e mulher com mulher.

domingo, 24 de junho de 2012

ENTRE A OFENSA E O PRAZER SEXUAL – DO PUNK HARDCORE AÇÃO LIBERTÁRIA AO FUNK CARIOCA DE VALESCA POPOZUDA



É som de preto/De favelado/Demoro/Mas quando toca ninguém fica parado/O nosso som não tem idade, não tem raça/E não tem cor/Mas a sociedade pra gente não dá valor/Só querem nos criticar pensam que somos animais/Se existia o lado ruim hoje não existe mais/Porque o funkeiro de hoje em dia caiu na real/Essa história de porrada isso é coisa banal/Agora pare e pense, se liga na responsa/Se ontem foi a tempestade hoje vira abonança
Som de Preto – Amilka e Chocolate



Qual relação que pode haver entre o Punk Hardcore e o Funk carioca? Aparentemente nenhum, mas uma análise histórica desses dois movimentos musicais poderia nos mostrar que há mais em comum do que se imaginam. Sem fazer uma abordagem histórica, o que me leva a tratar desses dois estilos musicais é algo muito específico a partir da luta pelos direitos da população LGBT.
         

sexta-feira, 13 de abril de 2012

DO RITO AO FETICHISMO, À IDOLATRIA E À MERITOCRACIA: A morte da coletividade e do sentido de pertencimento.


Amo os ritos. Uma das razões que me faz amá-los é sua beleza estética. O rito exige dança corporal, criatividade, gosto estético, comunicabilidade e, sobretudo, a atenção das pessoas envolvidas nele.  A maior preciosidade que o rito nos coloca é o sentido de pertencimento. Praticar certos ritos faz com que temos consciência de que não estamos sozinhos no mundo, mas que coexistimos com outras pessoas, com outros seres vivos e com a natureza. Grosseiramente definindo, o rito é todo ato que, repetido, liga a consciência individual ao sentimento de coletivo. Há ritos nas menores coisas que fazemos na vida: desde o levantar-se e arrumar a cama, escovar os dentes, tomar banho, até a participação de eventos que exigem fazermos tal o tal gesto ou dizermos tais ou tais palavras. A comunicação verbal e corporal é ritualística: desde a roupa que vestimos para cada ocasião da vida, até o bom dia dado a um amigo ou a um estranho causa-nos esse sentimento de pertencer.
           

quinta-feira, 15 de março de 2012

GRANDIOSA É A MINHA INDIGNAÇÃO...


            Imagino Deus, em toda sua grandiosidade e poder. Como Ser Onipotente, Onisciente e Onipresente, suas qualidades, no mínimo, lhe permitem alcançar as intenções mais ocultas da mente humana. Criador do universo e, portanto, deste mar de falsidades, este Deus não precisaria de uma análise de terapia ou de discurso para interpretar os não-ditos das verborragias de suas criaturas. Poderoso como o é, conhece as intenções do indivíduo antes mesmo da criação do mundo. Um ato, por menor que seja, é carregado de intenções, mesmo quando sejam motivados inconscientemente conforme atestaram Sigmundo Freud, C. J.  Jung, Alfred Adler,  Wilfred Bion, Jacques Lacan, entre outros psicanalistas. Antes de eles desenvolverem o conceito de inconsciente – coletivo ou individual – e até antes da fundação do mundo, Deus já sabia. 

             

terça-feira, 6 de março de 2012

ENTRE A CRUZ E O CAPITAL: A TEOLOGIA CAPITALISTA E O ESPÍRITO DO NEOPENTECOSTALISMO

Essa consciência da graça divina por parte dos eleitos e dos santos é acompanhada de uma atitude para o pecado do próximo, não de compreensão simpática baseada na consciência das próprias fraquezas, mas de ódio e de desprezo por ele, por considerá-lo inimigo de Deus e portador dos sinais da condenação eterna.
Max Weber – A ética protestante e o Espírito do Capitalismo
           


Após a leitura do texto O que a esquerda deveria aprender com osevangélicos, fiquei meditando o quanto a realidade de mais de 20% de evangélicos no Brasil ainda é desconhecida pela intelectualidade brasileira. Seria possível constituir uma ética pentecostal na linha teórica da ética protestante feita por Max Weber? Ou as relações entre a cultura capitalista e a fé, seja na religião, na ciência ou qualquer outra crença, estão fundidas de modo que não seja mais possível distinguir uma de outra? O autor do texto vê a presença das religiões evangélicas nas classes mais populares um exemplo a ser seguido pela esquerda. Tenho de concordar que, diferentemente dos religiosos, a maior parte dos partidos de esquerda tem preferência aos intelectuais, universitários e classe média. A exceção só é feita àqueles que acabam tendo maior popularidade em seus bairros, sindicatos, movimentos sociais e, por isso, tornam-se capital político importante para seus partidos. Mas daí achar que impera uma cultura democrática nas igrejas, de modo que as participações ativas independem das diferenças socioculturais de seus fiéis, é mostrar total falta de conhecimento da realidade evangélica.
           

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

O VETO DA DILMA E O SILÊNCIO DOS BONS?

“O que mais preocupa não é o grito dos violentos, nem dos corruptos, nem dos desonestos, nem dos sem ética. O que mais preocupa é o silêncio dos bons”.
Pastor Marthin Luther King




Uma das mais belas frases de Luther King e, por isso, recorrentemente citada por seus admiradores. O desvio de sentido para o qual o autor direciona sua preocupação dá a força do enunciado, isto é, o que o preocupa não é o grito das pessoas más, mas o fato das pessoas boas fazerem silêncio. Mas será que de fato são boas as pessoas que silenciam? Por seu uso corrente, a frase parece ter criado um comportamento conformista no qual o silêncio se torna condição para ser bom. Certamente, não foi essa a intenção do autor, mas as palavras são perversas e criam realidades para além das vontades.  Novos contextos demandam novos sentidos e, portanto, novas frases. Para isso, vale recuperar a frase do Apóstolo Tiago, quando diz: Na verdade, saber fazer o que é certo e não fazer é pecado (Tiago, 4, 17 – Bíblia Mensagem). A omissão é identificada pelo apóstolo como má; sendo o silêncio a principal forma de omissão, não pode ser visto como coisa boa, logo não são bons os que silenciam.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

UMA FLOR NASCEU NA RUA?

Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego.
Uma flor ainda desbotada
ilude a polícia, rompe o asfalto.
Façam completo silêncio, paralisem os negócios,
garanto que uma flor nasceu.
Carlos Drummond de Andrade - A Flor e a Náusea



Vivemos tempos difíceis. Essa frase não é nova. Tornou-se lugar comum a ponto de esvaziar-se de sentido e tornar-se apenas uma sentença fática para quem não sabe mais o que dizer.  O verbo, cujo sentido é visceral para a existência, está conjugado na primeira pessoa do plural, identificando o sujeito coletivo “nós”. Contudo, o adjetivo “difícil”, ao tencionar com o sentido do verbo, aponta para um reconhecimento conformista: sabemos que vivemos, mas a ausência de palavras que possam apontar qualquer sentido que nos provoque esperança confirma esse conformismo inativo da frase.

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

A DIVERSIDADE DISCURSIVA


Já repararam na beleza das conjunções adversativas?
Para muitos essas conjunções são irritantes e, às vezes insuportáveis. Tendemos a dar preferência a períodos sintáticos simples ou, quando muito, períodos compostos assindéticos ou por coordenações aditivas, alternativas, explicativas ou conclusivas. Basta inserir uma conjunção adversativa para alguém torcer o nariz, respirar fundo e querer cortar a língua do responsável que as pôs em cena.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

QUAL O VALOR DE UMA CASA?

Só entende o valor de uma casa quem já morou em barro pisado na esperança de um piso, simples que fosse, mas digno. Quem todo dia a ver o sol nascer ou a chuva a correr pelos blocos de alvenaria, sabe o desejo de uma massa corrida, a pintura de uma mão só, mas que guardasse a intimidade. A alegria de pagar uma conta de luz só sabe ter quem precisou montar “gato” pra não jantar no escuro. Um teto de laje descente para quem já teve de colocar panelas amassadas ou baldes sem alça a impedir que a água de chuva enlameasse o chão de barro. Só sabe o valor de uma casa  quem sempre temeu perdê-la. A casa – o lugar do presente para lembrar o passado e olhar para o futuro – é o lugar para aquele que mesmo a rodar o mundo sabe para onde voltar. É o lugar do bate-boca, da gritaiada, das brigas fraternais, mas também o lugar do afeto, do apoio, o lugar do pai, da mãe, dos irmãos, da intimidade.

GLOBO, BEIJO GAY E A MORAL HIPÓCRITA DO POLITICAMENTE CORRETO

Sinceramente, pouco me importa o que acontece nas novelas da Globo. Não tenho televisão em casa e, mesmo se tivesse, não daria ibope para novelas tão preconceituosas e machistas. Já observaram como os diretores novelistas apelam para as brigas verbais e físicas entre mulheres disputando o macho alfa? Ou como a pobreza é representada nessas novelas? Sem dizer os diálogos imbecis, os abusos do maniqueísmo sem fundamento e muitas outras porcarias com o único objetivo: nivelar por baixo a cultura da grande população e, com isso, atrair altos investimentos em propagandas dos abutres do capital.

domingo, 15 de janeiro de 2012

POIESIS, AESTHESIS E KATARSIS: A TRINDADE NA ALMA HUMANA E NA TOMADA DE CONSCIÊNCIA.

            Desde a Grécia antiga, a linguagem como produtora de sentido foi objeto de atenção de filósofos, artistas e médicos. Como produtora de sentido a linguagem é entendida como poiesis, cujo ato de criação, identificado como aesthesis produz efeitos de sentido no espírito humano, provocando a katharsis. De origem médica, esse termo significa o ato de purgação e purificação. Com Aristóteles, esse conceito, em sua Poética, terá o sentido de libertação produzida pela tragédia ou pela comédia. Duas coisas importantes a se observar aqui: poiésis, aesthesis e katarsis não são entendidas de modo separado enquanto conceito de procedimento artístico desde os gregos até os teóricos da arte e filósofos modernos, mas intrínsecas entre si. Se fazemos esta distinção, é unicamente para fins didáticos deste texto. Além disso, não pretendemos abordar o uso histórico desses termos para não tornar o texto cansativo.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

TEMPORALIDADE, ESPACIALIDADE E TRAVESTILIDADE.

O tempo, em suas distintas manifestações, determina os modos de relação da sociedade moderna por meio da cronologização e da durabilidade. Como um deus moderno, ele impõe sua lógica linear à razão, aos afetos e aos conflitos para, com isso, acumular o sentido da produção. Como senhor da modernidade, ele define o conceito de masculinidade. Operado no espaço público e como sujeito da produção o ser tempo/masculino reina absoluto nas relações humanas. Analogamente, o espaço, subordinado ao tempo, é o sujeito da reprodução. Como tal, é na junção dominante do tempo sobre o espaço que a vida se reproduz. Sendo o tempo definidor da idéia de masculinidade, também define o espaço como metáfora da feminilidade.