" É fundamental diminuir a distância entre o que se diz e o que se faz,
de tal maneira que num dado momento a tua fala seja a tua prática."
Paulo Freire
Para encerrarmos este polêmico
ano de 2012, recebemos a notícia do novo coordenador da CADS – Julian Rodrigues.
Vários militantes duvidavam dessa possibilidade, contudo, visto sua dedicação
na campanha de Fernando Haddad, era previsível que o mesmo assumisse ou
colocasse alguém de sua confiança nessa Coordenadoria. Embora seja ilegítima –
no sentido de reconhecimento político pelo movimento LGBT paulistano – essa indicação,
é legal visto que o papel dele não é de representar, mas de ser executor na
administração da Prefeitura no que refere às políticas públicas de cidadania
LGBT e de combate à homofobia.
E
porque afirmo com tranquilidade ser essa indicação ilegítima? Por uma questão
histórica da participação desse cidadão no movimento LGBT na cidade de São
Paulo. Fato é que, por razões pessoais, vários militantes paulistanos possam
manifestar-se em defesa dele, por isso não recorro ao discurso da
representatividade – até porque quem representa a população geral de São Paulo
é o Prefeito e não seus funcionários de confiança. Cabe à memória coletiva,
isto é, a uma história oral e experimentada, os elementos que comprovam tal
ilegitimidade.
O
aparecimento de Julian Rodrigues no movimento LGBT paulista foi por demais conturbado.
Vindo do movimento estudantil nacional, trouxe consigo práticas desrespeitosas
à concepção de democracia, de diversidade de respeito aos Direitos Humanos.
Tais práticas fundam-se basicamente na ideia da disputa pela disputa, na sede
de poder e de vencer, nas práticas maquiavélicas em que, para alcançar um fim
pretendido, qualquer meio pode ser justificado.
O
mesmo é conhecido por implodir reuniões para eleger seu grupo político nas
entidades do movimento LGBT, como aconteceu no Grupo CORSA em 2009 e no Fórum
Paulista LGBT também em 2009 e em 2010. Na II Conferência Estadual LGBT de São
Paulo, forçou a participação de pessoas não inscritas na Conferência,
colocando-as em condições desumanas e jogando a responsabilidade à
Coordenadoria Estadual de Políticas Públicas LGBT, com o intuito de alcançar um
número de votantes suficientes que elegessem delegados para a Conferência
Nacional os quais servissem de blindagem à Presidenta Dilma Rousseff contra
críticas da sociedade civil por conta do seu veto ao Kit Escola Sem Homofobia.
De
opositor ferrenho e desrespeitoso tanto à Coordenadoria Municipal quanto à
Estadual, Julian torna-se o executor dessa Coordenadoria no Município de São
Paulo. O que esperar desse sujeito cujas práticas políticas foram
recorrentemente repudiadas pelo movimento municipal, estadual e nacional LGBT?
Por uma questão de compromisso com a coisa pública e com a luta pelos direitos
de cidadania da população LGBT e contra a homofobia, espero sinceramente que o
executor seja, de longe, melhor que o militante. Nem por isso, acredito que
devamos esquecer sua passagem avassaladora na militância LGBT paulistana.
Segundo
entrevista dada ao Mix Brasil, o novo coordenador diz que priorizará a
periferia e a Parada LGBT de São Paulo. Mas é sabido que o discurso público na
maioria das vezes não corresponde com as práticas cotidianas e, no caso
específico dele, essa tese é historicamente comprovável. A questão é: a que
preço essas políticas serão priorizadas? Será de fato prioridade de execução de
políticas públicas para periferia ou uma desculpa para agremiar militantes ao
seu partido?
Sabe-se bem que o mesmo fez
parte do grupo que blindou o governo Lula e Dilma, impedindo que o movimento
social cobrasse a tão prometida e faltosa políticas públicas de combate à
homofobia. Apenas por um momento quando essa defesa tornou-se impossível dadas
as alianças e práticas submissas da atual presidenta a setores
fundamentalistas, foi que o mesmo veio a público questioná-la, mas o fez muito
tarde e muito timidamente. Será a sua gestão de submissão e blindagem ao
governo do Haddad ou estará disposto a cobrá-lo internamente e garantir que
tais políticas sejam realizadas a contento? Temo que não.
Por fim e o mais preocupante de
tudo isso é quanto a sua postura como coordenador em relação ao Conselho
Municipal de Atenção à Diversidade Sexual. Na gestão de 2008-2010, quando
membro desse Conselho, ele foi um dos principais responsáveis pela tentativa de
implodi-lo devido ao fato de o mesmo não ter se disposto às suas politicagens.
Uma das mudanças radicais operadas contra sua vontade nesse Conselho foi a de
implementar eleições diretas para escolha da representação da sociedade civil.
Antes de ser indicado ao cargo, o mesmo já havia se pronunciado contra a
recente eleição dos novos representantes e a favor de retornar às eleições
indiretas, subordinando-a ao controle de ONG. Agora, como Coordenador, fica-nos
a pergunta de qual será sua relação com o Conselho: diálogo ou tensão?
Algumas pessoas, embora concorde
com o conteúdo, possam discordar da crítica devido aos constantes ataques que
recebemos de setores conservadores. Penso o contrário: a coisa pública deve ser
tratada como pública e, por mais que torcemos para que essa gestão seja
positiva no combate à homofobia, não devemos apagar a história, muito menos
isentar seus sujeitos de suas ações, sobretudo quando as mesmas foram
negativas. Contudo, faço coro com os que esperam que o gestor seja melhor que o
militante e que de fato a CADS possa continuar e melhorar ainda mais como instrumento de
combate à homofobia e promoção à cidadania LGBT no Município de São Paulo.
Aplausos, pois compartilho exatamente da mesma visão.
ResponderExcluirManoel A. B. Zanini
São Paulo, SP
Por mais que eu me esforce no sentido contrário, acho que esse indivíduo representa o que há de pior e mais nocivo dentro do ovimento LGBT. Quem acompanhou por alguns anos a Lista virtual GLS sabe muito bem das ofensas constantes, maltratos, conchavos, puxações de tapetes, humilhações perpretadas por Julian Rodrigues, onde muit@s foram vítimas, incluiseve este que vos fala, um horror. Muit@s militantes de valor se afastaram da Luta LGBT por causa dele e, infelizmente, não só ele, mas vários e várias que o cercam e que seguem o seu "estilo" impl2ementador de ódio que transformaram o nosso movimento num espaço de ódio e de crueldade com oponentes. Acho que chega, não? Ainda bem que hoje, para a infelicidade desse ser e d@s que com ele se parecem, há muitos outros movimentos de valor, de ruas, militância digital e etc., que apresentam formar inovadoras do fazer político e não compactuam com nada que ele prega, seguindo um caminho mais sincero, onde honestidade nas relações é possível.
ResponderExcluirQue o Movimento LGBT volte a ser um espaço de amor, não mais de ódio, desvios e de escondidos.
Ricardo Aguieiras
aguieiras2002@yahoo.com.br